Belas Letras

 

 

 

 

 

 

 

 

O cineasta Manoel de Oliveira afirmou hoje (02 de Dezembro último)  que a literatura é “muito superior” ao cinema e assumiu-se como um “homem de fé” num encontro com o realizador brasileiro Nelson Pereira dos Santos, em Guimarães.

O primeiro encontro entre os dois realizadores foi em Paris, em 1956, durante o “Primeiro Encontro Internacional de cineastas”. Depois encontraram-se “algumas vezes” em Cannes, França.

Manoel de Oliveira em ação:

legítimo representante do cinema autoral

“Foi o primeiro realizador brasileiro que conheci”, esclareceu Manoel de Oliveira.

Hoje, voltaram a cruzar-se para uma “conversa intimista” em Guimarães, a convite da Capital Europeia da Cultura Guimarães 2012.

Do cinema dos “velhos tempos” ao analógico, da Fé às “coisas da vida”, estes dois realizadores contaram histórias, partilharam visões do cinema.

Sobre o “digital”, os dois cineastas, o português com 102 anos e o brasileiro com 83 anos, afirmaram-se “agradecidos” pela introdução tecnológica no cinema.

“Facilita a realização”, valorizou Nelson Pereira dos Santos. “É o progresso e traz conforto”, além de que “ajuda o negócio”, apontou o português.

Se para o brasileiro a génese do “cinema novo” do Brasil “está na literatura, Manoel de Oliveira encara a literatura como “algo mais”.

“A literatura é muito superior ao cinema. É a máxima da expressão humana”, afirmou.

Manoel de Oliveira cumpre sonho aos 102 anos
Foto © António Henriques
/ Global Imagens

Passando da literatura até à vida contemporânea e à religião, para o realizador português “Abel e Caim estão instalados na sociedade”.

“Todos querem o poder e para o terem matam tudo o que está à frente sem dó nem piedade”, explanou.

Questionado sobre se é um “homens de fé”, Nelson Pereira dos Santos afirmou “ter fé” no “ser humano”.

O realizador português declarou que é um homem de fé: “Não tenho outro remédio”.

Em comum ambos têm uma motivação: “O que nos leva a trabalhar nos filmes é a fé”, adiantou Manoel de Oliveira, seguindo da anuência do realizador brasileiro.

Refugiando-se nas “partidas da memória”, o cineasta português não revelou o que “anda a fazer”, apenas declarando que anda “a escrever o que vai fazer”.

“Só temo não ter vida para fazer os meus projetos”, afirmou, a uma semana de completar 103 anos.

Fonte: http://www.ionline.pt/boa-vida/literatura-muito-superior-ao-cinema-diz-manoel-oliveira

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